sábado, 4 de abril de 2015

# sábado de aleluia


A missa da Vigília Pascal é o centro e o grande “sacramento” da vida cristã.

Batismo e Eucaristia – centros desta liturgia – tornam presentes e atuais os acontecimentos celebrados, comunicando-os a vida nova do Senhor Ressuscitado.

E dos ritos da vida, acompanhar a cada ano esta Santa celebração consiste em um dos momentos mais significativos e de mais profundo simbolismo para nós cristãos. 

Nesta noite, somos iluminados e atingidos pela luz de Cristo ressuscitado (“Liturgia da Luz”), fazemos memória das ações maravilhosas de Deus na história (“Liturgia da Palavra”), renovamos nossa consagração batismal (“Liturgia da Água”) e, por fim, celebramos a Santa Páscoa (“Liturgia Eucarística”). 

A Igreja escura, o altar vazio, os fiéis em silêncio, as velas todas apagadas em respeito ao Senhor morto... e logo se inicia a Santa Missa, e depois das primeiras antífonas, o primeiro momento inspirador da noite: um breve lucernário, em que se acende o Círio Pascal e, com o seu fogo, as velas carregadas por cada um de nós, sinalizando o renascimento de Jesus Cristo.

Depois, vem a Igreja a meditar nas maravilhas que o Senhor, desde o princípio dos tempos, realizou em favor do seu povo confiante na sua palavra e na sua promessa, até o momento em que é convidada para a mesa que o Senhor, com a sua morte e ressurreição, preparou para nós, fruto de todo o seu caminho de entrega e misericórdia.

E já no Evangelho da ressurreição de Jesus Cristo, devemos atenção à Galileia, o lugar da primeira chamada e onde tudo começara – Partam para a Galileia. Lá Me verão” (Mt 28, 10). 

Afinal, como anunciou o Papa Francisco na sua Homilia da Missa de hoje, "é preciso voltar à Galileia, para ver Jesus ressuscitado e para se tornar testemunha da sua ressurreição".

Ora, voltar à Galileia significa reler tudo a partir da cruz e da vitória: a pregação, os milagres, a nova comunidade, os entusiasmos e as deserções, até a traição. Reler tudo, a partir deste supremo ato de amor à vida e à nós, a partir do fim, que é um renovado início. 

Não é voltar atrás, não é nostalgia. É voltar ao genuíno ato de amor, para receber o fogo que Jesus acendeu no mundo e levá-lo a todos até aos confins da Terra: horizonte do Ressuscitado, horizonte da Igreja, horizonte de cada um de nós no desejo intenso de encontro – portanto, ponhamo-nos a caminho! 

Sim, "partir para a Galileia” significa uma coisa estupenda, significa redescobrirmos a nossa fé como fonte viva e a nossa esperança cristã como fonte a ser vivida. Significa, antes de tudo, retornar lá, àquele ponto onde a Graça de Deus tocou a todos no início do caminho. 

E em cada um de nós também há uma “Galileia”, mais existencial: a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo, que nos chama para O seguir e participar na sua missão – neste sentido, voltar à Galileia significa guardar no coração a memória viva desta chamada, quando Jesus pede-nos para recuperar a sua lembrança e os seus ensinamentos.

Hoje, nesta noite, podemos nos interrogar: qual seria a nossa Galileia? Onde está? Lembramo-nos dela? Sabemos como seguir a caminhada?

E, se não sabemos ou se andamos por estradas que nos fizeram esquecer, peçamos ao Senhor que nos ajude a redescobri-la. 

Por fim, neste bendito Sábado de Aleluia, lembremos de descer ao Santo sepulcro a fim de trazer tudo o que lá está para uma nova vida, de modo a nos salvar e a nos transformar no mais fundo de nossas almas. 

Ressuscitemos na Páscoa como pessoas salvas e libertas, com a coragem cristã de refletir sobre os nossos próprios sepulcros e de sepultar tudo o que nos distancia da vida e da verdade.