sexta-feira, 11 de junho de 2010

# chuteiras nacionais & chutes universais


fdsA primeira imagem que tenho de Copa do Mundo é a de 82, com 5 anos, a minha mais antiga Casa repleta de amigos, familiares, fogos e orgulho, e eu a vestir a camisa amarelinha, sem marca, sem patrocínio, com apenas o antigo símbolo da CBF à frente e o número 8 às costas, bordado com zelo por minha mãe como homenagem ao meu grande ídolo da época -- cuja idolatria, diga-se, não durou mais que os meus dentes-de-leite.
fdsDesde então, sempre acompanhei com emoção e devoção a todos os jogos do nosso escrete. O meu mundo parava, literalmente.
fdsForam lágrimas de alegria e tristeza, sentimentos de amor e ódio que despertavam a cada hino nacional, a cada grito ou lamento de gol, a cada final de 90 ou 120 minutos, a cada disputa de pênaltis.
fdsIsso tudo até a última partida de 2006.
fdsEssa derradeira Copa foi, para mim, o grande "corte epistemológico" do meu jeito de ver e torcer pela seleção brasileira de futebol, nosso patrimônio cultural.
fdsO time daquele ano representou o que chamei de "as chuteiras apátridas" (v. aqui), tamanho o desleixo, o descomprometimento, o descaráter e a desídia com que se prepararam e se empenharam para os jogos. Restava claro que o Brasil estava neles, mas eles nem aí estavam para o Brasil.
fdsE foi desse mundial em diante que resolvi não mais me dar ao luxo de vibrar e me emocionar com a nossa seleção.
fdsEssa Copa de 2010, portanto, será vista e acompanhada com os críticos e líricos olhos de quem ama o esporte, mas que deixou de amar a seleção nacional.
fdsNão se trata de torcer contra. Mas, apenas, de não torcer -- bem, pelo menos até 2014.
fds
j
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fds
fdsTecnicamente, não acredito em grandes surpresas: será (quase) a mesma velha turma de sempre que avançará no início dessa Copa.
fdsNa fase de grupos, aposto algumas fichas no Uruguai (no mais equilibrado grupo) e Paraguai classificados, na Sérvia à frente da Alemanha, na Costa do Marfim no lugar de Portugal (uma tristeza...) e na Inglaterra, Holanda e Espanha passando por cima dos seus respectivos (e fracos) adversários. Dos africanos, Camarões também avança; do novo mundo da bola, os sul-coreanos e os yankees. Franceses, italianos e brasileiros, sem arte e sem brilho, classificar-se-ão nos seus grupos. E, para fechar os palpites, os suíços garantem a última vaga.
fdsNas oitavas, pelos embates previstos, passam os melhores ou os clássicos, sem zebras.
fdsA seguir, já nas quartas-de-final, a Inglaterra despacha a França, num soporífero jogo, a Argentina supera a ajeitada Sérvia, a Espanha esmaga a irritante Itália e a Holanda passa pelo esforçado (e melancólico) Brasil.
fdsPara a decisão, Holanda de um lado e... bem, na outra semifinal, Argentina e Espanha prometem o maior espetáculo da Terra. Um jogo que se terminar 7 a 7 não parecerá mentira, e do qual sairá a campeã ou a tricampeã mundial.
fdsSim, são os deuses do futebol que me asseguram...
fds