sexta-feira, 12 de julho de 2013

# uivos



E a Presidenta, ainda atada às mãos de um Congresso conservador, corporativo e inativo, e rodeada por uma gente inepta e vacilante, (me) decepciona.

Na coincidente esteira de recentes bulas, eis que se vê, num desastre só, um reflexo da (co)existência das "agências reguladoras" (v. aqui) com o modo de operação da nossa cara "democracia" (v. aqui).

O caso: a nomeação do novo Diretor de Gestão da Agência Nacional de Saúde, um advogado militante na área da saúde suplementar, mui recentemente diretor-jurídico de um dos grandes planos que atuam no Brasil (região Nordeste) e que não simula os seus entendimentos jus-politicos, como se observa da sua passada atuação profissional e de um recente texto seu ("O Julgamento dos Planos de Saúde"), sofrível do ponto de vista científico, no qual acredita que "os prejuízos judiciais estão verdadeiramente ajudando a inviabilizar o mercado da assistência médica privada" (v. aqui).

Já bem se pode imaginar o que virá pela frente em termos normativo-regulamentares, haja vista que o Judiciário, de modo já bastante incisivo, vem acolhendo e dando razão – como não poderia ser diferente – ao consumidor nas demandas judiciais movidas contra os planos de saúde. Agora, portanto, alguém haverá de ceder, sob pena de, atenção, observarmos a bancarrota islandesa das operadoras de planos no Brasil, como alhures se professora para se querer crer.

Ora, ainda que já bem se entenda la raison d'être das "agências reguladoras" – como, incansavelmente, ensinam os Profs. António Avelãs Nunes e Celso Antônio Bandeira de Mello –, haveria um mundo de opções "técnicas" (e, claro, como está na moda dizer, "apolíticas"...) para ocupar um cargo de tamanha importância e que causasse menos desconforto político e menos transtornos econômicos e eleitorais. 

Sim, por toda Oropa, França & Bahia há pessoas que manjam e bem entendem do negócio – tanto quanto o ora nomeado, de quem não se discute os atributos, tão-pouco quem os atribuiu –, mas que não se apresentam tão umbilicalmente ligadas ao business. E eis aqui o busílis da coisa, que evitaria um mar de histórias e premonições de todo os tipos e gostos.

Não custa lembrar, aqui, de um recente estudo a indicar que, em 2010, mais de quarenta operadoras – dentre as quais não está a ex-empregadora do Diretor recém-nomeado –, deram quase R$ 12 milhões para as campanhas políticas, sendo os que mais receberam: PMDB (R$ 3,4 milhões), PSDB (R$ 2,1 milhões) e PT (R$ 1,6 milhão).

Enfim, há situações em que aquela frase clássica merece suprema atenção: “a mulher de César não basta ser honesta, ela tem que parecer honesta”.