sexta-feira, 14 de março de 2014

# atleticania (xi)


Não há exagero algum, meus senhores: ao lado da mulher barbada do Circo Vostok, na noite de hoje se viu uma das coisas mais feias desta vida.
 
Os noventa minutos da vitória do Atlético, fora de casa, com gol contra, contra este time do Peru, foi daquelas apresentações de circo dos horrores, daqueles eventos clandestinos proibidos para menores, daquelas imagens de esquinas escuras de centro com damas rampeiras de quinta, daquelas cenas de documentário do Discovery em que magras e decadentes hienas destroçam os restos de gnus fazendo explodir sangue e vísceras na tela da tv.

Um cenário de provocar medo.


Mas, além disso, ao empurrar ladeira abaixo um bando de borrachos, o Atlético  de novo com três das suas máximas feridas em campo e com o Calma Cocada no banco (v. aqui causou pena e fúria.
 
Pena, porque até se percebia no semblante esforçado de alguns a tentativa de tentar bater uma bola com dignidade; e fúria. porque tantos outros desprezavam o óbvio ululante exigido para uma partida de Copa Libertadores da América (v. aqui).

Ora, o que a legião de Suéliton, Cléberson, Deivid, João Paulo, Paulinho, Bruno Mendes, Éderson, Coutinho e, claro, Mirabaje, errou no jogo de hoje, em doses industriais, não é digno da nossas cores e do esporte profissional. 

Múmias paralíticas, peças frágeis, ínguas modorrentas, um amontoado inapto que, a jogar contra uma brisa seca, suave e inofensiva, parecia se esmerar para deixar tudo zero a zero. 

Um jogo em que, sem muitos esforços, um onze qualquer ganharia por meia dúzia, seguiu amargo e melancólico até o final, num deserto de lambanças, de torpeza e de ingratidão à bola, tudo sob os olhares nervosos de todos os fantasmas incas que habitam aquele estádio, o maior da América do Sul. 
 
Ainda que neste período quaresmal, qualquer, repito, qualquer time não teria piedade e misericórdia para atropelar, sem dó, aquele grupo fantasiado de jogadores, uma verdadeira trupe de lhamas virgens que entrou em campo apenas por questões de formalidade contratual e que, num misto confuso de inépcia e infortuna, não conseguia acertar dois – dois (!) – míseros lances consecutivos. 
 
Foi, meus senhores, uma vergonha, um ultraje ao futebol o que se viu na noite desta quinta-feira em Lima, capital peruana.

O rubro-negro não jogou absolutamente nada, em um jogo que só ele jogou.
 
Por isso, do jeito que foi, se minimamente justo, deveria o Atlético devolver estes três pontos.
 
Afinal, ao menos assim ficaria em paz com os deuses do futebol, que não costumam perdoar traições.