segunda-feira, 20 de outubro de 2014

# a retórica e os mitos


Números e mais números bem podem resumir os governos do PT e do PSDB, como aqui e aqui se mostra e cujos estudos abaixo reproduzimos.

Números, entretanto, que não podem falar por si, pois a ciência em jogo não é uma ciência “positiva”, não é uma ciência “neutra” em relação aos fins, não é uma ciência "apolítica”. Afinal, esta ciência, muitas vezes adornada com elegantes e sedutoras construções matemáticas -- para dar um ar de ciência “séria” e “infalível”, ignorando ou não querendo assumir que a matemática não é uma ciência, mas uma lógica --, mostra-se muitas vezes um “deserto de pedras”, onde não há lugar para os homens de carne e osso, como ensinou o Prof. Avelãs Nunes no prefácio desta obra aqui.

Por isso, para muito além dos números, é todo o manancial da economia politica que melhor diferencia a gestão e as políticas do PT e do PSDB.

Mesmo assim, entretanto -- e já pela enésima vez --, dando ouvidos aos pragmáticos, vamos aos números, os quais desmentem toda a desfaçatez que rodeia o discurso tucano, criando lendas que, pelas vozes midiáticas, transformam-se em verdades.

Entre 1995 e 2002 -- com FHC (PSDB) no governo --, a "renda domiciliar" per capita caiu, segundo  dados do IBGE (Pnad), fulminando a tese tucana de que, por meio da privatização de estatais, da desregulamentação do mercado de trabalho e da liberalização comercial e financeira se ampliaria o papel do mercado e da competição para então selecionar os melhores e punir preguiçosos, prometendo crescimento.

Pelo contrário, a partir de 2003 -- com os governos de Lula e Dilma (PT) --, a "renda domiciliar"  aumentou mais de 50%, com a recuperação do papel do Estado, conforme o próprio IGBE aponta.

Depois, a "desigualdade", com base no Coeficiente de Gini, enquanto se manteve inalterada com o FHC, caiu 10% com Lula e Dilma diante da valorização do salário mínimo, da defesa e formalização do emprego e ampliação do gasto social

Na "educação", o PSDB vetou o 1º Plano Nacional de Educação (PNE), que determinava investimentos de 7% do PIB até 2010, deixou o País sem meta de financiamento e concluiu mandato com 3,5% do PIB; em 2014, Dilma aplica 6,4% do PIB em educação e sanciona o 2º PNE com destino de 10% do PIB até 2024. Ainda neste tema, Lula e Dilma promoveram a significativa ampliação das transferências de renda condicionadas à matrícula escolar, além de bolsas e crédito subsidiado para ensino técnico e universitário e a criação de 18 novas universidades federais -- contra zero com FHC -- e 178 novos centros universitários. Com isso, as matrículas no ensino superior elevaram-se de 2 milhões (2002) para 7,5 milhões (2014), complementados por 8 milhões de alunos no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

A respeito da "dívida pública", essa explodiu no governo FHC -- e não pela assunção de dívidas passadas não contabilizadas, mas, sim, pelos juros mais altos do planeta e títulos indexados em dólar para evitar a crise da âncora cambial, naquela conhecida artimanha antes da reeleição tucana, em 1998. Assim, entre 1995 e 2002, a correção cambial e os juros altos contribuem com mais do que cinco vezes o valor da dívida... e que só não aumentou mais por causa das privatizações e do superávit primário, pedras angulares da gestão do PSDB.

Sobre "inflação", o PSDB conseguiu reduzir a inflação a menos de 2%  a.m. em 1998, às custas de juros bizarros e muito arrocho para o trabalhador; mesmo assim não conseguiu mantê-la nesse nível e, no fim do governo inflação chegou aos 12%, quase o dobro dos 6,5% que temos hoje com Dilma, que a manteve sempre dentro das metas, mesmo aumentando os salários e garantindo mais direitos aos trabalhadores.
 
Em relação ao "desemprego", Dilma, em 4 anos, criou mais postos de trabalho do que FHC em 8: uma média de 1,8 milhões ao ano, contra 620 mil na era tucana. O Brasil de Dilma tem as menores taxas de desemprego da sua história: 5,4% em 2013, contra 12,2% no fim do governo do PSDB. E isso enfurece os donos do capital, pois desemprego baixo aumenta o poder de barganha do trabalhador, que não se sujeita a qualquer trabalho e por qualquer valor.
 
Quanto ao "salário mínimo", as diferenças são vexatórias: no fim do governo do PSDB (2002), o mínimo era de R$ 200, o equivalente a 1,4 cesta básica; hoje, é de R$724, o que permite comprar 2,2 cestas básicas. Ou seja, 65% a mais do poder de compra do trabalhador. Em dólar, o contraste é constrangedor: com os tucanos, em 2002, o salário mínimo valia 86 dólares, com Dilma, em 2014, vale 305 dólares.
 
No tocante aos "juros", cuja política tanto impacta o bem-estar financeiro do trabalhador e tanto contribui para os negócios, vê-se claramente o que move cada uma das gestões. No tempo do PSDB, a política de juros exorbitantes -- os maiores do planeta -- era o paraíso para o grande capital vadio e baldio: a taxa foi de 45% ao mês no fim do governo. E quem era o Chefe das Finanças na época? Armínio Fraga, o responsável pela elaboração do programa econômico de Aécio e candidato oficial a futuro Ministro da Fazenda. Já nos governos do PT a ciranda foi outra. E  Dilma mudou as regras da poupança e usou os bancos públicos para baixar muito os juros e pressionar os privados a seguirem, chegando em 2% ao mês e, hoje, em 11% ao ano, o que ainda é ruim.
 
E agora mais uma sopa de números, cujas fontes estão aqui e aqui:
 
- Produto Interno Bruto => R$ 1,48 trilhões (2002) e R$ 4,84 trilhões (2013)
- PIB per capita => R$ 7,6 mil (2002) e R$ 24,1 mil (2013)
- Investimento Estrangeiro Direto (em dólares) => 16,6 bilhões (2002) e 64 bilhões (2013)
- Reservas Internacionais (em dólares) => 37 bilhões (2002) e 375 bilhões (2014)
- Gastos Públicos em Saúde => R$ 28 bilhões (2002) e R$ 106 bilhões (2013)
- Valor de Mercado da Petrobras => R$ 15,5 bilhões (2002) e R$ 104,9 bilhões (2014)
- Lucro médio da Petrobras => R$ 4,2 bilhões/ano (PSDB) e R$ 25,6 bilhões/ano (PT)
- Capacidade Energética => 74.800 MW (2001) e 122.900 MW (2013)
- Falências Requeridas (em média/ano) => 25.587 (PSDB) e 5.795 (PT)

São, pois, números...

Que não podem -- e nem devem -- dizer tudo, mas algo dizem.