sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

# sabiá e o meu ser de então (fragmentos)

 
 
Não há, oh gente, nem luar e nem nada como na minha Pasárgada.
 
Lá, onde tenho a mulher que eu quero com os filhos que acolherei.
 
É que em Maracangalha, onde de chapéu de palha estou, ainda me sinto um forasteiro, um cowboy fora da minha lei, aquela em que a gente era obrigado a ser feliz.
 
Afinal, disse o conterrâneo poeta, pinheiro não se transplanta, embora o quintal em mar desta Copacabana diariamente se esmere em docemente regar as mudas que dele ali crescem.
 
E agora, neste avião que com razão corro para pegar, vejo chegar de saudade, numa realidade em que sem ela e sem eles já não mais pode ser.
 
E muito em breve como um dia vejo um berço e eu a me debruçar sobre o novo filho que virá, com o pranto a me correr num sonho lindo de morrer -- é querido, não só parece que te direi te amo, pois ainda que afobado não lembre você haverá de saber que eu sempre vou te amar, e chorar a cada ausência e presença suas.
 
E neste moinho da vida hoje triturarei toda a mesquinhez desta distância que me cobre tudo, em chumbo, e que só o coração pode entender, e derreter.
 
Vou voltar, e a solidão vai se acabar.
 
Num acalanto longe do adeus.