segunda-feira, 13 de julho de 2009

# a fritura do (flambado) saldanha

O meu caro Nêgo Pessôa -- escriba (e fariseu?) anarcoliberal, estudioso da literatura universal e do rude esporte bretão e blogueiro das antigas (v. aqui) --, censura-me e (não) pede vênia para discordar sobre o que escrevemos no texto "um 'cagüeta' de carteirinha vestido de canarinho" (v. aqui).
Indo além da questão em si, pois acredita ser a minha visão esquerdóide, contesta o abono por mim dado à história -- chama ele de "besteirol" -- do General Médici ter demitido João Saldanha do comando do melhor time de futebol de todos os tempos (a Seleção de 70) pelo fato dele ser comunista. Diz ele, devidamente adaptado:
"Veja a besteira: se o Médici estivesse contra o João não teria permitido que ele assumisse! Se o 'sistema' estivesse contra ele, ele não teria sido recebido pelo Ministro Passarinho nem teria tido tanta boa imprensa para os dez ou doze pontos que alinhou como necessários à reforma do futebol brasileiro. Pontos que comentei no meu livro com o Marcelino, comunista, 'A Copa e a Crise do Futebol Brasileiro', de 70. O João foi demitido pelo Havelange! E foi o Havelange que o levou pra seleção. E por que foi demitido? Porque na reconvocação da rapaziada para o longo período de preparo - quatro meses! - o João estava a beber demais, a brigar com todo o mundo, a polemizar por besteira, a fazer besteiras, a dizer besteiras, até que o Havelange o encontrou bêbado a dormir num sofá do saguão da concentração. A única coisa chata na demissão do Saldanha foi o fato do Russo tê-lo acompanhado. Como sei disso tudo? Porque acompanhei isso tudo de perto. Porque me tornara amigo do Russo".
Mesmo a acompanhar noutra dimensão (ou noutro corpo&alma) isso tudo -- afinal, em 1970, era eu um anjo, ou um urso, ou uma sequoia, ou um dalit em algum subúrbio de nova deli, enfim, a depender da religião de cada um, estava eu longe de pertencer ao corpo que hoje acho que me pertence... --, posso crer que há infinitos fatos&fotos da história que não precisamos ter presenciado ou vivido para estudar, crer, imaginar, pensar e discutir.
E esse, talvez, seja um deles, ainda que a versão contestadora seja a mais próxima -- e, oxalá, a mais correta da história.
fds