quarta-feira, 7 de abril de 2010

# justus e ímprobos


fdsSob a ótica cristã, em princípio ninguém é o mal, vez que à imagem e à semelhança divina -- na verdade, a existência do mal advém, pois, do "livre arbítrio", como ensina Santo Agostinho. E, diz o adágio popular, ninguém é de todo o mal, na medida em que, ao menos no interesse dos seus, parece que a pessoa consegue, quase sempre, demonstrar e agir com bondade.
fdsA "Gazeta do Povo", o maior jornal do Paraná, é notório pela campanha crítica (e negativa?) que faz do Governo do Paraná, não pelo viés de esquerda e estatizante das políticas públicas implementadas -- e, portanto, não pelo viés ideológico, o que até justificar-se-ia --, mas, fundamentalmente, porque talvez não receba um tostão de dinheiro público para propaganda, vendo secar uma fonte milionário dos tempos de Jaime Lerner.
fdsEntretanto, honra seja-lhe dada pela série de reportagens cirúrgicas, investigativas, jornalísticas e de máximo interesse público que está a promover sobre as falcatruas, a corrupção e as picaretagens existentes na Assembleia Legislativa do Paraná. São, portanto, absolutamente imperdíveis, dignas daquelas de serem lidas para os cegos e analfabetos, explicadas para os néscios e repercutidas por todos os cidadãos do nosso brasil-sil-sil-sil (v. aqui).
fdsA apresentar como il capo di tutti capi o Sr. Nelson Justus -- já que, além da "qualidade" (?) de Presidente da nossa Assembleia, mostra-se bastante "envolvido" no enredo --, a Gazeta do Povo a cada dia revela, mais e mais, a ganância e a escatofagia de grande parte dos agentes parlamentares e dos diretores daquela Casa -- como a figura bizarra e caricata do tal "Bibinho" (Abib Miguel), diretor-geral e serviçal de todos por 20 anos, antes onipresente e hoje um quase foragido... --, a podridão e a luxúria nas quais se sustentam, o descaso e a sacanagem com a causa pública, os desvios e a apropriação de dinheiro público e a falta de vergonha, de honradez, de ética e de moral (v. aqui).
fdsAs reportagens mostram centenas de pessoas a se beneficiarem das influências e do poder dos homens que comandam a Assembleia; as reportagens escancaram a rede de influências dos deputados nos municípios do Estado -- como, p. ex., a zombaria à moralidade pública que se promove na nossa querida Guaratuba; as reportagens, ainda, demonstram o enriquecimento incompatível com as respectivas realidades profissional e salarial (e, pois, potencialmente ilícito) de tantos picaretas e bandidos que se julgam acima do bem-e-do-mal ou, pior, creem que fama&fortuna não tem preço; as reportagens, enfim, deixam a nu o que todos nós sempre desconfiamos: os parlamentares pensam que o serviço público é um favor e que o dinheiro público é da Mãe Joana.
fdsNão me importa a razão para tão certeira autópsia, para tão fantástica dissecação, não cadavérica, ao vivo e a cores. Sim, os fins justificam os meios e os seus motivos determinantes, caso tenha-se por objetivo, real e imediato, o interesse público e popular e desde que tudo esteja apartado e distante do locupletamento pessoal.
fdsResta, agora, que as instituições públicas responsáveis pela investigação criminal, pela tutela dos interesses da sociedade e pela repercussão jurídico-política dos fatos, nomeadamente as polícias civil e federal e os ministérios públicos estadual e federal, arregacem as mangas e não deixem restar pedra sobre pedra naquele templo, destruindo até os seus alicerces... (Mt, 24:1-3).
fdsÀ Gazeta do Povo, os devidos lauréis pelo jornalismo investigativo e combativo.