terça-feira, 20 de maio de 2014

# guilherme tell


A vida, e mais especificamente o futebol, provoca situações comoventes.

Incita incomparável emoção, faz o coração pulsar atabalhoadamente e vê correr sangue, suor e lágrimas.

Nele se veem surgir epopeias homéricas, nascer herois fabulares, criar lendas e multiplicar mitos.

Dele se fazem estátuas, dele se montam nações e dele se constroem impérios.

Hoje, terça-feira, quase meia-noite, o Vasco da Gama seguia jogando pela segunda divisão do campeonato brasileiro.

E jogava em Teresina, capital do Piauí, tudo muito árido e num clima meio de neblina, meio de guardamento.

E jogava contra o Sampaio Correa, time tradicional do Maranhão, cujo fardamento é daquelas mais excêntricas coisas que se vê no velho e rude esporte bretão.

E, não satisfeito, perdia o jogo até os 48 minutos do segundo tempo.

E levava sufoco, e agonizava, e sofria, e parecia ainda incapaz de expurgar os efeitos daquela barbárie do final do ano passado (v. aqui).

Aí, vindo do ocaso, eis que na grande área adversária raia o intrépido Guilherme Biteco, uma nova e reluzente estrela de São Januário.

E empata o jogo.

Para sair vibrando, ensandecido, despindo-se da gloriosa camisa cruz-maltina e jogando-a para o alto, em êxtase.

Atrás dele, numa euforia invejável, um time inteiro na busca impávida pelos braços do deificado artilheiro.

Ao cabo, se lançam para se amontoar no gramado, a formar uma pilha única de aliviados guerreiros.

E tudo parecia Iniesta e seus agradecidos compañeros na comemoração daquele solitário gol na final da última Copa.

O futebol é mágico, meus amigos.