sexta-feira, 23 de outubro de 2015

# marmelada


Qual a credibilidade destes bandidos que tanto roubaram do Estado (v. aqui)?

De que valem as suas tais delações, se ao cabo são nuas em provas  e, por si, nem provas são?

Dar-lhes sérios ouvidos tem o mesmo sentido que ouvir o que dizem estas casas de massagem chamadas "agências de riscos", entidades que vivem de especular e ajudar a quebrar países e cidadãos (v. aqui).

Ora, esta tal de "delação premiada"  hoje o grande triunfo de juízes, promotores e delegados, como aqui, no caso do grande empreiteiro picareta (cuidado com o pleonasmo) dono da UTC e aqui, trazendo as últimas do tal Baiano — constitui uma esquizofrenia do direito processual penal, pois permite dar seriedade e notoriedade a um bando de crápulas cujas palavras não valem nada.

Pior ainda, este instituto fomenta um tiroteio sem sentido entre tantos acusados, deveras prejudicial às investigações, na medida em que enubla e distorce os caminhos naturais perseguidos pelas autoridades públicas, ludibriando e levando a erro juízes, promotores e policiais  se, claro e ao cabo, não parte desses próprios agentes públicos a ideia, mediante a tortura psicológica da prisão preventiva infinita ou a barganha midiático-financeira.

Ainda, este negócio todo afronta à própria sociedade, pois permite que estes biltres acusem terceiros por reles questões de ódio ou má-fé, prejudicando inocentes, e contem histórias da carochinha com finais furta-cor a fim de ganhar "prêmio" pela funesta "colaboração".

Estes dias, para tornar tudo ainda mais jocoso e bem ilustrar o cenário, um dos picaretas vai a juízo, desdiz a delação anterior e oferece uma nova  pasmem, é a delação da desdelação (v. aqui).

No seu início, há um ano, confessei acreditar no que poderia se tornar a Lava-Jato (v. aqui mas, ao que tudo indica, fui ingênuo.

Ora, esta turma toda presa  canalhas históricos de empreiteiras e do "mercado", se juntando a canalhas da política tão clássicos como os personagens de Sucupira — e este bando da Lava-Jato está se lixando para a verdade, para as provas, para o esclarecimento dos crimes e para o fio condutor do grande drama nacional.

Quer, sim, que tudo vire uma grande zona; quer melar o jogo das instituições e das regras; quer o caos — e, fundamentalmente, o umbigo e as suas bandeiras sãos e salvos.

Quer jogar tudo numa só pocilga, para que tudo pinte como sujo, como feio, como malvado 
— para, enfim, que "tudo" seja meio inexplicável e, num lusco-fusco infinito, acabe-se com a política.

E assim o bando seguirá tranquilo, pois parece que nada lhe custará ficar sabe-se lá quantos poucos anos preso para depois voltar às suas vidas, com todo o poder que as mentiras delatadas lhes confiaram e toda a grana escondida que guardaram a sete chaves em colchões ou em outros paraísos de sonos tranquilos.

E assim também seguirão tranquilos os interessados no modus operandi dos piás de prédio da Lava-Jato, logrando êxito na destruição de qualquer coisa que se pareça com a esquerda, a qual seguirá selada, registrada e carimbada como o grande mal do universo brasileiro.

Ora, anunciada por todos os cantos midiáticos como uma espécie de cruzada anticorrupção em prol das "pessoas de bem", a cada dia, a cada desvario e a cada ilegalidade a tal operação dá pistas do objeto da sua caçada.

Ora, desviando dos seus fins — ou, por medidas oblíquas, verdadeiramente os alcançando —, na vitrine desta operação diuturnamente exaltada pelos holofotes platinados na mídia há um juiz justiceiro, ao pior estilo dos gibis, preso a sabe-se lá quais interesses (geo)políticos, de mãos dadas e rabo preso a um bando de concurseiros do MP e da polícia que imaginam o direito como uma mistura de almanaque de escoteiro-mirim com  guia bíblico. 

E nesta toada, leves, ricas e soltas as mais importantes articulações de todo o mecanismo que sequestra o país — e com ações cada vez mais centradas na destruição não apenas de um grupo político, mas da política e dos grandes negócios público-privados que desenvolvem o Brasil , esta Lava-Jato tem tudo para se consolidar como uma das maiores patifarias da história do Brasil, feita de falastrões para norte-americano ver.

E seus "heróis", que vestem a toga da magistratura ou se comportam como intocáveis tupiniquins promotores do bem, desmoronarão e serão largados na lata do lixo da história, mal cabendo em rodapés como pilantras de uma época bizarra.

Enfim, um grande circo, meu caro e respeitável público.

Mas que na verdade indicará, ao final, ter sido um espetáculo de horror.

E uma tragédia para o Brasil.