sábado, 22 de junho de 2013

# aspas (xxxvii)



A Constituição da nossa República prevê, desde a sua promulgação (1988), a criação de um "Imposto sobre Grandes Fortunas", conforme expressa disposição do art. 153, VII.

Todavia, não é mera coincidência que o tributo ainda não tenha sido regulamentado pelo Congresso Nacional ou seja, a grande ideia escancarada no nosso texto máximo ainda não foi levada adiante pelo Parlamento, e por isso ainda não pode ser exigida, a restar estéril para delírio dos tantos Tios Patinhas nativos.

Bem, nesta toada, o estadunidense Warren Buffett, há muitos anos sempre entre os cinco homens mais ricos do mundo, sugere que os países parem de mimar os seus tantos bilionários e passem a cobrar mais tributos das classes do topo da pirâmide (v. aqui):

  "Nossos líderes pediram 'sacrifício compartilhado'. Mas quando fizeram a pergunta, eles me pouparam. Eu chequei com meus amigos mega-ricos para saber que sofrimentos eles estavam esperando. Eles, também, foram deixados intocados.
   Enquanto pobres e a classe média combatem por nós no Afeganistão, e enquanto a maioria dos americanos luta para sobreviver, nós, mega-ricos, continuamos a receber os nossos extraordinários incentivos fiscais. 
   Alguns de nós são gestores de investimentos e ganhamos bilhões com nosso trabalho diário, mas podemos classificar a nossa renda como “participação nos resultados”, pagando uma taxa de imposto de 15% , uma pechincha. Outros aplicam no mercado de futuros sobre os índices das próprias ações, por 10 minutos, e têm dois terços do seu lucro tributado a 15%, tal como se tivessem sido investidores de longo prazo.
   Estas e outras bênçãos são derramadas sobre nós por legisladores em Washington, que se sentem compelidos a nos proteger tanto, como se fôssemos corujas-pintadas ou alguma outra espécie ameaçada de extinção."
   No ano passado a minha conta de impostos federais – o imposto de renda que eu pago, bem como impostos sobre os salários pagos por mim e em meu nome – foi 6.938.744 dólares. Isso parece um monte de dinheiro. Mas o que eu paguei foi apenas 17,4 % dos meus rendimentos tributáveis . Isso, na verdade é um percentual menor do que foi pago por qualquer uma das outras 20 pessoas em nosso escritório. Seus impostos variaram de 33 a 41% – média de 36 % – sobre seus rendimentos. (...)
   Eu e meus amigos fomos mimados por muito tempo por um Congresso amigo dos bilionários. 
   É hora de nosso governo levar a sério o sacrifício compartilhado."