terça-feira, 19 de outubro de 2010

# maus samaritanos


fdsEstou a ler "Maus Samaritanos: O mito do livre comércio e a história secreta do capitalismo", do sul-coreano Ha-Joon Chang. E é recomendadíssimo.
fdsHa-Joon Chang, professor da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, é um dos mais eminentes críticos das políticas neoliberais em voga desde a década de 80. Mas, mais do que isso, participou do renascimento da Coréia do Sul, um país que, em trinta anos, saiu da miséria, da ignorância e da falta de tudo para se tornar um dos mais emergentes países neo-desenvolvidos.
fdsE foi com a sua "teoria da política econômica institucionalista-industrial" que aquele país asiático conseguiu eficazmente desenvolver e trilhar um caminho entre o "planejamento" (?) central soviético e o "livre mercado" (?) estadunidense.
fdsComo ele mesmo afirma, não é um anticapitalista; todavia, é sim um intenso e inveterado crítico do sistema. E, por isso, um fiel defensor das alternativas ideias e políticas implementadas ou tentadas por diversos países asiáticos e latino-americanos, e, claro, um severo crítico do pensamento único assente no malfadado modelo estadunidense.
fdsMuito do que disse já foi lido, relido, dito e redito -- como, afinal, (quase) tudo que advém dos neokeynesianos. Porém, o que anima é ler e saber o que tem a dizer um economista com tal perfil acadêmico e profissional, e com tamanhos resultados práticos.
fdsO livro serviu de mote para a sua mais recente obra -- "23 Things They Don't Tell You About Capitalism" --, na qual assevera (e demonstra), dentre outras coisas, que não existe livre mercado, que as companhias não deveriam ser administradas segundo os interesses de seus donos, que tornar pessoas ricas mais ricas não enriquece o restante das pessoas, que os Estados Unidos não têm o melhor padrão de vida do mundo, que maior estabilidade macroeconômica não tornou a economia mundial mais estável e que o governo pode escolher os ganhadores.
fdsAssim, mostra-se mais uma vez que muitos dos admiradores e defensores do sistema estão convencidos de que sabem o que é e como funciona o capitalismo. Mas estão enganados, como de novo os mitos e as meias verdades são desmascaradas.
fdsE, ao cabo, com tais premissas desconcertadas, também mostra que a Coreia do Sul aplicou todas as receitas que os países ricos (e mendazes) dizem que não se deve aplicar: subsídios, protecionismo, planos estatais, intervencionismo... E, justamente por isso, tornou-se um outro país.
fdsEm, repita-se, meros trinta anos.


fds