sexta-feira, 8 de outubro de 2010

# embigos & caradura


fds Finalmente uma das cabeças do partido da imprensa golpista, o “Estado de S. Paulo” expõe-se ao sol e vem a público confessar: queremos José Serra e estamos com ele. Muito bom, ora pois.
fds Diferentemente do que pensam muitos analistas, inclusive aqueles que estão del outro lado del rio, entendo que tal atitude é legal, legítima e coerente com o que quer (ou mesmo com o que pensa) os donos de tal veículo de comunicação, porque, simplesmente, tal negócio é absolutamente privado.
fds Ora, se os donos deste jornalão entendem que tal candidato é aquele que melhor atende aos interesses, às vontades e aos sonhos daqueles que lhes financiam – empresas (via publicidade) e (e)leitores – e de si próprios, nada deve impedir isso, posto que, repita-se, jornais e revistas funcionam sem qualquer intervenção estatal.
fds O que lhes move e vale, portanto, são os seus céreos umbigos, como sempre quer qualquer não benevolente açougueiro, cervejeiro e padeiro.
fds Ou seja, enquanto os serviços de radiodifusão sonora (CBN, Band News) e de sons e imagens (Globo, Band) devem, como obrigação constitucional, atender às diretrizes normativo-principiológicas previstas no art. 221 da Constituição (“Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família”), sob pena de o Poder Executivo não lhes renovar a concessão dos serviços, as revistas (Veja e Época) e os jornais (Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e O Globo) não devem nada a ninguém – salvo, como qualquer um, em juízo, porquanto também têm responsabilidades civis e penais – e podem pautar a sua produção editorial como bem queiram e de modo a melhor servir os seus interesses.
fds Portanto, temos aqui duas questões distintas: (i) para o caso dos grupos de rádio e tv, em hipótese alguma pode-se admitir a manifestação político-partidário-ideológica, bradar preferências e arranjar vieses, e, caso constatadas, às claras ou não, cabe ao Estado promover a imediata suspensão da concessão pública ou, em último caso, não renová-la (v. aqui, aqui e aqui); e, (ii) para o caso dos grandes grupos editoriais, um quase vale-tudo é permitido, inclusive o uso de máscaras, laranjas e de toda a sorte de simulações, ardis lhes fazem crer “imparciais” ou “científicos”, em especial pelo uso de colunistas de araque – e aqui o mérito (!?) do “Estado de S. Paulo”, o único veículo que, podendo, manifestou-se e foi leal com a (sua) sociedade.
fds Por isso, e por justamente poder fazer um “jornalismo” que atenda exclusivamente aos interesses que tutela – seja isso, para a profissão, ético ou não –, tem o “Estado de S. Paulo” – como qualquer negócio que, ao bel-prazer dos seus titulares, livre e privadamente funciona – total permissão para contratar e despedir qualquer um que, respectivamente, se submeta (ou compartilhe) e se insurja (ou contrarie) aos interesses da corporação. Como falaria Bill Clinton, it´s the money, stupid!
fds Porém, afora isso, nada o salva. Afinal, o Estado de S. Paulo e a sua magnânima trupe diariamente lutam para que o Brasil não se liberte.
fds É o golpe eterno da grande mídia, o maior partido oposicionista nacional.
fds