segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

# sí, ellos tienen una verdadera democracia






O que grande parte da nossa relinchante elite - medusicamente vidrada na imprensa nativa e que, imersa numa contagiante cegueira branca, usa de tapas para pensar unicamente num modelo de sociedade pós-moderna que idolatra a jogatina do capital, as táticas e técnicas neoliberais e as politicas públicas burguesas, conservadoras, oligarcas e patrimonialistas -, pensaria de um país que, entre 1999 e 2008*, apresentou os seguintes dados**:
- aumento de 24% no seu "índice de desenvolvimento humano" (de 0,69 para 0,84, em que "zero" é o mínimo e "um" o máximo, o que significa um aumento de 33%);
- aumento de 20% no seu índice de distribuição de renda ("coeficiente de Gini");

- redução de 55% na população em estado de pobreza extrema (de 20% para 9%);
- diminuição da taxa de desemprego de 12% para 8%;
- erradicação do analfabetismo, segundo a UNESCO;
- redução para quase a metade a taxa de mortalidade infantil(27 por mil para 14 por mil);
- elevação do consumo de alimentos para 170%;
- aumento do acesso à água potável de 80% para 92% da população;
- redução brutal na relação dívida-PIB (em 1998, a dívida era de 78,1% do PIB, já em 2007, 18,5%) e na relação divida externa-PIB (de 25,5% para 11,3%); e,
- que em menos de 10 anos convoca toda a população para votar por mais de 16 vezes -- "referendos" -- sobre diversos assuntos constitucionais de interesse direto do povo, não acreditando no contumaz faz-de-conta da política representativa, via parlamentares, mas sim, insistindo na política participativa, escolhendo a via do voto direto para se decidir as diretrizes mestras do Estado?


Não, isso não é na Suécia ou em qualquer país do centro-europeu.



Não, não se trata de nenhuma das pseudodemocracias que a grande mídia adora citar como exemplo de sociedade -- sempre a reboque dos "donos do poder" -- e que as nossas elites burguesa e política idolatram.


Na verdade, isso se passa no país que conduz a nossa América Latina para uma outra verdade, uma outra realidade, na busca por um cenário social, político e econômico diferente -- é na Venezuela.


Os avanços são impressionantes: o povo boliviano vota com Evo pela nova Constituição na Bolívia, Fernando Lugo assume o Paraguai, Rafael Correa muda o Equador, Tabaré passa a montar um outro Uruguai, Lula no Brasil e os Kirchner na Argentina lentamente enfrentam os batalhões e os canhões da mídia e da elite, isso sem falar dos vários pequenos países da América Central que operam brutais e estruturais mudanças de ordem sócio-político-econômica... enfim, vê-se que hay camino!


A nova vitória de Hugo Chávez no referendo desse domingo, quando mais de 55% da população votou "SIM" pela possibilidade de múltiplas reeleições, tem por base os dados acima citados e dois fundamentos extremamente simples, mas absolutamente grandiosos: a latente falência das podres e corruptas elites históricas e o maior processo de democratização social e política da história sul-americana, comparada apenas com aquela que Salvador Allende implementava no Chile antes de ser morto pela CIA e pela burguesia nativa.


Sim, essa vitória praticamente sepulta as elites tradicionais venezuelanas (i) que abocanhavam sozinhas a estrondosa receita e os magnânimos benefícios advindos do petróleo -- a Venezuela sempre foi um dos maiores produtores deste precioso mineral do planeta, dantes injustamente repartidos --, (ii) que promoveram o golpe militar contra Chavez, um lock-out generalizado e a fuga de capitais contra o país, (iii) que se articulam com o governo dos EUA contra as autoridades legitimamente eleitas e reconfirmadas pelo voto democrático do povo venezuelano e (iv) que controlam 80% da mídia privada do país.


Hoje, a Venezuela é o maior exemplo do que verdadeira e etimologicamente significa uma democracia: o "governo do povo" - v. aqui.


¿Y nosotros, cara-pálida?



* 1999 foi o primeiro ano do Governo de Hugo Chávez.
** não, os dados não foram colhidos de um instrumento qualquer de apologia a Chávez, ao socialismo ou à esquerda. Quase todos os dados foram trazidos -- indiretamente, claro, pois foram obtidos de trabalhos de organizações internacionais como ONU, OMS, OMC, UNESCO etc. e de outras fontes -- pelo jornal ultraconservador Gazeta do Povo, o "maior do Paraná" (?), na edição deste último domingo.